UM PRESENTE PARA VOCÊ
No livro a autora mostra a animação de um menino que aprende a ler e quando aprende a ler aprende a ver. É interessante...
João, a personagem principal da história, é um menino curioso e observador, que vê
cartazes com desenhos nas lojas, mas só consegue entender alguns deles, outros (as letras), ele não entende. Começa a fazer perguntas para a mãe, que resolve matriculá-lo na escola para que João aprenda a ler.
O início da história mostra João, curioso como qualquer criança, com vontade de
descobrir o mundo e também o que significam aqueles “desenhos” que observa em todas as esquinas.
“— É o nome da rua, filho”. (p.6)
João estava tentando decifrar o código escrito! Sua mãe lhe diz:
— Meu filho, você precisa ir pro colégio, aprender a ler, aprender todas as
coisas...
— Que coisas, mãe?
— As letras, João, os números. Você vive perguntando coisas. (p.7)
Na escola, a professora mostra cartazes coloridos com as letras:
“E ela dizia: A − AVE.
E as crianças repetiam: A − AVE.
E a professora escrevia no quadro negro: A A A” (p.11).
Lá, João começa a aprender o alfabeto e, fora da escola, procura e descobre as letras
em todos os lugares: nos jornais, “[...] na caixa de sabão em pó, na pasta de dentes [...]” (p.14).
Essa descoberta vai se ampliando progressivamente até que ele consegue ler a placa com o nome da sua rua e o itinerário do ônibus que o transporta para a escola. Então ele diz ao pai que já sabe ver.
Tanto a atuação da professora como o material utilizado já dão mostras do tipo de
metodologia de leitura que a personagem professora dessa obra utiliza, baseada em uma teoria que supõe o conhecimento como algo a ser oferecido “em pequenas doses”.
Nessa história, a professora não é identificada por nome, aparece nas ilustrações e na narrativa sendo descrita da seguinte maneira: “A professora era uma moça alta, de óculos redondos. Ela mostrava às crianças uns cartazes coloridos assim [...]” (p.11). A ilustração traz um cartaz com uma letra do alfabeto e a figura de um objeto, cujo nome se inicia com a letra indicada.
Observo uma maneira fragmentada de se trabalhar a leitura, prática comum das
cartilhas, que ensinam primeiro a letra, depois a sílaba, para, então, poder chegar à palavra, com o uso exclusivo da repetição.
A professora dizia: D D D
As crianças repetiam:
D D D
E a professora ensinava
D de doce
D de dado
D de dedo
E de dourado...
As crianças, repetiam... (p.7)
Analisando essa obra noto que João, por ser uma criança curiosa, procura estabelecer
uma ligação entre o seu meio e aquilo que aprende. Na escola, porém, espaço onde deveria ocorrer a interação da criança com seus pares e com uma diversidade textual, isso não ocorre.
Percebo, em todo o texto, que a professora concebe a leitura apenas como decodificação de sinais e não como leitura-compreensão.
MARIA CECILIA RIZO PEREIRA.
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