quinta-feira, 26 de março de 2015

Bullying - A agressividade infantil

A agressividade infantil - Bullying
A agressividade infantil é um assunto bastante amplo e podemos notar suas raízes desde o início das relações das crianças ainda na educação infantil.
Precisamos inicialmente, discernir o que é inerente a determinada faixa etária ou sexo e o que está fora dos padrões esperados pelos mesmos.
Segundo a teoria piagentiana podemos classificar o desenvolvimento cognitivo em diversas etapas. Na educação infantil, passamos basicamente por duas delas: Sensório-motora que vai do nascimento aos dois anos de idade. Nesta fase a criança se utiliza basicamente dos sentidos para conhecer o mundo. Tudo aqui acontece por reflexos e a criança leva tudo à boca;Pré-operatória que vai dos 2 aos 7 anos onde a criança começa a adquirir noções de tempo, espaço. Ainda não há raciocínio lógico e as ações para ela ainda são irreversíveis.
Uma criança que morde o amiguinho até dois anos de idade, não pode ser rotulada como agressiva. Ela ainda não sabe usar a linguagem verbal e a linguagem corporal acaba sendo mais eficiente. A criança nesta fase, é egocêntrica e acredita que o mundo funciona e existe em função dela. Uma das primeiras maneiras de relacionamento é a disputa por objetos ou pela atenção de alguém querido – como a mãe, o pai ou o professor. A intenção da criança, ao morder ou empurrar, é obter o mais rápido possível aquele objeto de desejo, já que não consegue verbalizar com fluência. Esta fase de disputa é natural e quanto menos ansiedade for gerada, mais rápida e tranqüilamente será transposta. É claro que o adulto não deve apenas assumir a postura de observador e sim, interferir quando necessário, evitando que se machuquem, e explicando que a atitude não é correta. Enfim, impondo limites! Porém não devem supervalorizar a agressão, pois as crianças ainda não conseguem entender que estão machucando.
A agressividade pode ser hostil, com a intenção de machucar ou ser cruel com alguém, seja física ou verbalmente. Ou ainda pode aparecer com o intuito de conquistar uma recompensa, sem desejar o mal do outro.
A agressividade aparece ainda em reação a uma frustração. Birras, gritarias e chutes. Comportamento comum, porém necessário ser amenizado até extinguido mais uma vez explicando à criança que não é um comportamento adequado.
Outro aspecto fundamental ao desenvolvimento de comportamento agressivo é o meio ambiente em que a criança está inserida, família, escola e estímulos recebidos por meios de comunicação. Há, lógico ainda, fatores individuais, inatos como sexo e hereditariedade.
É essencial saber discernir quando um comportamento agressivo é passageiro, por motivos temporários, como o nascimento de um irmãozinho, a hospitalização ou perda de um ente querido, ou ainda por mudança de casa ou escola ou se pode ser considerado como um transtorno de conduta, caso em que é necessário um acompanhamento de especialista para auxiliar a sanar o problema. Se não dermos a devida importância nesta fase essas atitudes poderão evoluir de forma prejudicial na adolescência e vida adulta, podendo transformar a criança em agente ou alvo de Bullying, que veremos mais à frente.
A diferença de sexo também pode indicar um aspecto da agressividade. Diversas pesquisas apontam para uma capacidade precoce das meninas, em relação aos meninos para adaptarem-se em grupo e socializarem-se com maior facilidade. Meninos tendem a apresentar mais problemas para adaptação social.
Por volta dos três anos, as crianças já acrescentaram milhares de palavras ao seu vocabulário e começam a descobrir o prazer em brincar com o outro e se comunicar. O egocentrismo começa a sair de cena e começa a socialização. Nesta fase, o comportamento agressivo intencional, ainda aparece esporadicamente e via de regra, não apresentam uma continuidade. Já aos quatro, cinco e seis anos identificamos alguns comportamentos de discriminação que podem ter repetidamente o mesmo alvo. Aparecem os conflitos, “panelinhas”, provocações e humilhações. É aqui que pais e educadores devem estar atentos para poder inibir esse comportamento antes que ele se instale e seja mais difícil de eliminá-lo.
Um caso típico, citado em artigo de Antônio Gois e Armando Pereira Filho para a Folha de São Paulo, é o de um menino de 4 anos que era tímido e falava pouco. Os coleguinhas e a própria professora “brincavam” dizendo que ele havia perdido a língua. Isso causou um bloqueio na fala e desenvolvimento da linguagem da criança.
Precisamos também diferenciar as vivências que a criança tem na família e as que tem na escola, onde ocorrem geralmente os comportamentos agressivos. Em casa, via de regra, a criança é sempre querida, amada e compreendida, o que não acontece no convívio social onde precisa conquistar os amigos e inserir-se no grupo.
Muitas crianças recebem apelidos relacionados a aspectos físicos e desempenho (gordinho, vara pau, zarolho, burro, chato, etc). Aqui o papel do professor é essencial ao identificar e trabalhar com esses aspectos evitando que se repitam. A dramatização é uma ferramenta excepcional para fazer com que as crianças vivenciem papéis. Essencial ainda é discutir sempre as experiências depois de dramatizadas. Criar regras elaboradas em conjunto também é uma ferramenta eficiente. Quando as próprias crianças criam as regras elas ganham um significado maior e têm um grande impacto nas ações. Deve-se também trabalhar valores morais éticos como solidariedade, compartilhamento, cooperação, amizade, reciprocidade dentre outros. Se o professor cria um ambiente com atividades prazerosas durante todo o período de aula, a probabilidade de que comportamentos agressivos surjam é muito menor.
Lembre-se: a agressividade só deve ser tratada como um desvio de conduta quando ela aparecer por um longo período de tempo e também se não estiverem ocorrendo fatos transitórios que possam estar causando os comportamentos agressivos.
É preciso observar, tirados aspectos transitórios, se a criança:
·     Sempre teve, por parte da família a realização de todas as suas vontades, fato cada dia mais comum, quando ambos pais trabalham fora e sentem-se culpados por ter pouco tempo disponível para o filho e acabam “tentando” suprir esta lacuna com permissividade excessiva, sem impor limites.
·     É muito exigida e pouco elogiada. A criança acaba perdendo parâmetros, pois mesmo fazendo o máximo para acertar, ainda é pouco para o grau de exigência dos pais ou professores.
·     Tem dificuldades em relacionar-se com outras crianças, mantendo-se afastada do grupo. Foi vítima de alguma agressão ou abuso sério.
A personalidade da criança forma-se até os seis anos de idade e por isso, toda experiência e sua qualidade vividas nessa fase é de fundamental importância. Por mais que, às vezes, possa parecer ineficaz, elogio, afeto, prazer e compreensão tem resultados muito mais rápidos e menos estressantes do que bronca, castigo, sofrimento e indiferença.
É muito importante detectar e combater o comportamento agressivo ainda na primeira infância, pois quando criança não encontra obstáculos ou alguém que a alerte mostrando que não é um comportamento adequado, ela percebe que consegue liderar e tirar proveito destas situações e no futuro certamente tornar-se-á um agente do bullying e muito provavelmente um adulto violento.
E afinal, o que é bullying?
Bullying é um tipo de comportamento que sempre existiu, e que recentemente foi batizado com um nome. Não existe uma tradução precisa para o português. Refere-se a todo tipo de comportamento agressivo que ocorre sem nenhuma razão aparente.
Muito provavelmente você já tenha sido alvo de bullying quando era pré-adolescente ou adolescente. Ações repetitivas e desequilíbrio emocional são as suas principais características.
A primeira dificuldade que os pais enfrentam é identificar se seu filho está sendo alvo deste tipo de comportamento, pois há criança que se sente ameaçada e reluta para falar a respeito disso.
Preste atenção nas ações que os bullies (quem pratica o bullying) costumam praticar:
Colocar apelidos depreciativos
Assediar
Ofender
Amedrontar
Fazer “gozações”
Ameaçar
Humilhar
Agredir
Criar situações para “pegar” a “vítima”
Bater
Discriminar
Empurrar
Excluir
Machucar
Isolar
Intimidar
Perseguir
Desprezar
Sinais que podem indicar que seu filho está sendo vítima. Se ele...
Chega em casa com contusões freqüentes
”Perde” dinheiro com freqüência
Chega em casa com roupas rasgadas
Briga constantemente com amigos considerados “próximos” antes
Diz que precisa de algo porque perdeu ou foi roubado
Está com péssimo humor
Fica quieto e retraído
É agressivo com os irmãos
Evita sair de casa
Não se dedica como antes aos estudos
Tem insônia
Demonstra ansiedade excessiva
Porém, os pais devem ter cuidado para não expor seu filho perante os outros. Se eles tomarem o caminho errado as ações dos bullies podem piorar. Lembre-se: Não é possível estar presente e supervisionar seu filho o tempo todo.
Bullying é um problema mundial. Pode-se identificar o problema em todos os níveis escolares, da educação infantil à faculdade, em escolas privadas ou públicas, rurais ou urbanas.
O que mais assusta é que as proporções que o problema tem tomado são cada vez mais preocupantes. Hoje é comum ouvirmos relatos de adolescentes que chegam a atos extremos por discordar de posturas e valores dos colegas de classe.
Alvos do bullying -> Estudantes que sofrem as agressões.
Alvos ou agentes do bullying -> Estudantes que às vezes sofrem e outras vezes praticam o bullying.
Bullies -> Estudantes que somente praticam o bullying.
Testemunhas oculares -> Estudantes que não praticam e nem sofrem o problema, mas vivem no mesmo ambiente onde o fato ocorre.
A criança ou adolescente sente vergonha e medo. Porém, não podemos tratá-los como “coitadinhos”, sem tentar saber se eles têm uma certa dose de responsabilidade sobre o comportamento que está sofrendo.
Às vezes, a criança não tem limites, é muito mimada, egoísta ou excessivamente agressiva. Desta forma, é difícil integrá-la ao grupo.
Porém, é possível ajudar a criança a enfrentar o problema, modificando sua postura, ou ainda a linguagem corporal. Ela deve demonstrar confiança. Se ela normalmente não o é, pelo menos tentar demonstrar. Certamente se sentirá melhor. Diga para que olhe sempre para cima, nunca para o chão. Desta forma certamente deixará os bullies longe dela.
O que as escolas podem fazer:
Nas escolas de educação infantil e ensino fundamental, os professores e supervisores podem e devem ficar atentos nas atividades em parques e intervalos assegurando-se de que nenhuma criança está sendo excluída ou humilhada.
A direção da escola pode e deve chamar a atenção de alunos que estejam praticando algum ato ofensivo ou preconceituoso e alertar também seus pais.
Promover ações do tipo:
·     Jogos cooperativos
·     Atividades de inclusão. Mixando sempre os grupos, evitando as “panelinhas”
·     Palestra a respeito de boas idéias de como trabalhar em grupo.
·     Mostrar reportagens a respeito das conseqüências sofridas pelos bullies nas mais diversas situações.
No Brasil, o Bullying aparece em uma proporção pequena se comparada a países com os Estados Unidos e Inglaterra onde o assunto ganha um debate intenso e onde casos graves são constantemente relatados. Os Estados Unidos apontam o bullying como razão do episódio da morte de treze estudantes da Columbine’s scholl em Littleton em 1999. O mais recente caso aconteceu no último dia 28 de setembro, quando um adolescente, afirmando que se sentia diferente dos outros,matou 3 colegas e feriu outros 7 em uma escola em Carmen de Patagones, na Argentina

A CRIANÇA QUE NÃO FALA – MUTISMO SELECTIVO


A CRIANÇA QUE NÃO FALA – MUTISMO SELECTIVO
O mutismo selectivo pode ser compreendido como um medo inadequado de falar fluente e espontaneamente, que surge particularmente em contextos fora de casa e que se pode prolongar até à fase da adolescência. Para os especialistas da saúde mental o mutismo selectivo surge como uma perturbação de ansiedade na infância.
Normalmente acontece nas crianças mais pequenas, por volta dos 3 anos de idade, embora as queixas se acentuem mais no final do pré-escolar e inicio do 1º ciclo, sendo que as raparigas são mais propensas a apresentarem este problema comparativamente com os rapazes, estimando-se uma prevalência inferior a 1% em idade escolar. É nesta idade mais precoce que as crianças são mais renitentes em estabelecer contacto e a relacionarem-se com pessoas estranhas. Na realidade estas crianças não apresentam nenhuma perturbação da linguagem, nenhum atraso cognitivo ou alterações profundas de desenvolvimento, a não ser este medo/ansiedade que gera nelas o silêncio perante estranhos ou junto de pessoas com as quais não se sentem à vontade.
Este problema psicológico interfere na realização escolar e/ou ocupacional e/ou na comunicação social, estando presente no mínimo há 1 mês e não coincidindo com o primeiro mês de escolarização, pois a entrada para o jardim-de-infância ou 1º ciclo surge como uma das primeiras mudanças contextuais significativas na vida das crianças, onde estas são obrigadas a contactar com estranhos. É nesta altura que o mutismo selectivo se pode desencadear ou exacerbar, pois quando as crianças não participarem nas actividades e existe uma ausência de interacção grupal, torna-se notória e prejudicial esta sua dificuldade de adaptabilidade ao contexto escolar, colocando pais, educadores e professores em alerta. O desejado é que após a fase de integração, em que todas as crianças se sentem inseguras e desconfiadas, ganhem confiança nelas próprias e comecem a estabelecer vínculos afectivos com as pessoas que as rodeiam (p.e outras crianças, educadora/professora), permitindo assim que as suas reservas prévias desapareçam. Mas, quando este silêncio se prolonga no tempo e se generaliza à maior parte das pessoas, com excepção, da família, deixa de ser um comportamento adaptativo, colocando em questão a integridade física e mental da criança, pelo facto de esta se deixar vencer por este seu medo. Este comportamento desadaptativo, na maior parte das vezes, conduz a dificuldades nas relações sociais, o que por sua vez, gera uma baixa auto-estima nas crianças; dificuldades a nível do rendimento académico, uma vez que grande parte dos professores e educadores se queixam de não conseguirem avaliar correctamente estas crianças, pois mesmo conhecendo as suas capacidades cognitivas, a informação que dispõem não é suficiente, comparativamente com as restantes crianças da sua sala; e inclusive, ao nível da sua saúde física, isto porque, em grande parte das vezes, muitas destas crianças não conseguem expressar ao adulto as suas necessidades mais básicas (p.e ir à casa de banho, ter fome, o ter caído e se magoado). É um problema transitório, mas se a criança não receber um tratamento atempado e eficaz, no futuro este problema pode levar a uma diminuição do desejo e vontade de estar na escola, podendo conduzir ao abandono e insucesso escolar, a consumos de estupefacientes, ideias suicidas, depressão, fobia social, entre outros.
Estas crianças caracterizam-se por serem crianças tímidas, retraídas, socialmente inseguras, por norma dependentes, com excessiva rigidez e perfeccionistas. Quando comunicam, na maioria das ocasiões fazem-no através de gestos (p.e acenando a cabeça) e quando usam a fala, fazem por vezes com que o volume da sua voz seja muito baixo, limitando-se outras a apenas sussurrar ao ouvido. Evitam o olhar (p.e olham para o chão), escondem-se através dos objectos ou das figuras parentais, sendo as suas intervenções muito breves e curtas, tentando sempre evitar/escapar a todas as situações sociais em que se sintam expostas (p.e demorarem muito tempo na casa de banho ou a vestirem-se de modo a evitarem ir a algum lugar) como forma de alívio ao mal-estar produzido pelas suas respostas de ansiedade perante tal situação.

Ao falar-se deste problema que afecta algumas das nossas crianças e que preocupa os pais e educadores/professores, pelas consequências a longo prazo que daqui podem advir, é necessário distinguir as crianças que têm uma grande aversão em falar, pois para estas é muito difícil falar em determinadas situações, das crianças que acham que não podem falar em certas situações (chamado mutismo selectivo), das crianças que acham que não podem falar em qualquer situação (mutismo progressivo ou total). No entanto estas últimas são crianças que deixam mesmo de estabelecer comunicações orais, por mais curtas que sejam, mesmo com as pessoas mais íntimas, levando assim à deterioração das suas relações interpessoais e consequentemente, ao isolamento social. Em todas estas formas, o medo e a ansiedade encontram-se presentes, conduzindo a um comportamento desadaptativo.
A aprendizagem deste medo desproporcionado de falar nas crianças, tem em muito a ver com o comportamento dos adultos que as rodeiam. As altas expectativas em relação às crianças, a punição, a correcção de todas as suas falhas e, até mesmo, a existência de algum familiar com um problema idêntico, são algumas das razões que podem contribuir para o desenvolver deste problema psicológico.
De um modo geral, este medo de falar gera nas crianças, alterações corporais, tais como, o aumento da sudação, da tensão muscular, do ritmo respiratório e da pulsação cardíaca. Depois, quando a criança consegue evitar ou fugir, podem surgir as dores de cabeça, de barriga e o ir várias vezes à casa de banho. Por outro lado, alterações comportamentais, como roer as unhas, levar os dedos ou parte do seu vestuário à boca, balançar as pernas ou o corpo, tiques, entre outras, são alterações que também dai podem advir. Este medo é igualmente causador de um grande sofrimento emocional e pessoal e por isso, estas crianças necessitam de ajuda especializada para que este silêncio como resposta não faça parte do seu reportório vivencial.

Muitas das vezes, com o passar dos dias, dos meses e até mesmo dos anos, este problema começa a agudizar-se, não sabendo as escolas e os pais como o solucionar. Nessa altura surge a necessidade de uma intervenção especializada que permita a modificação das respostas fisiológicas e cognitivas desencadeadas, sendo que a criança é uma das primeiras a querer ver este problema resolvido, pois estão motivadas para fazerem amigos e terem sucesso nas aprendizagens. No entanto não se trata de um comportamento voluntário ou de uma birra, como muitos poderão pensar. São sobretudo crianças que se deixam vencer por este medo, que as obriga a tornarem-se"seres silenciosos", num mundo cheio de ruídos do qual também elas fazem parte.

O procurar de ajuda psicológica, surge como uma nova situação que irá desencadear na criança medo de falar, mas a utilização de várias técnicas cognitivo-comportamentais permitirão em articulação com a família e a escola, o seu superar. Em alguns dos casos uma abordagem farmacológica pode ajudar a diminuir os seus níveis de ansiedade.
De seguida serão apresentadas algumas estratégias de intervenção que pais e educadores/professores poderão adoptar para as auxiliar.
Aos pais sugere-se:
Estimular a comunicação do seu filho desde muito pequeno, de preferência quando a criança começar a falar, para este aprender a expressar-se em diferentes situações sociais, sabendo onde, como e com quem o deve fazer;
Ensinar pequenas tarefas de responsabilidade (p.e vestir-se, lavar os dentes, por a mesa, arrumar o quarto, entre outras);
Evitar o uso de expressões depreciativas ("não tens vergonha; és sempre o mesmo; nunca falas");
Evitar, na presença da criança ou em locais que esta possa escutar, falar do seu problema com outras pessoas;
Não obrigar a criança a falar quando esta se recusa;
Não se zangar ou castigar por esta se negar a falar;
Não criar metas dificilmente atingíveis pela criança;
Não a obrigar a cumprimentar uma pessoa ou a aproximar-se desta ou de um local que ela própria não deseja;
Evitar situações em que a criança apenas comunique sussurando ao ouvido, dizendo"não te oiço","não percebo o que me dizes" de modo a estimular a sua comunicação oral;
Atribuir-lhe tarefas em diferentes situações sociais (p.e ir pedir um gelado ao Sr. do café);
Manter sempre a calma quando o seu filho tem demonstrações desadequadas de falar;
Convidar amigos ou familiares para frequentarem com maior regularidade a sua casa;
Programar saídas, onde estejam envolvidas outras pessoas que sejam estranhas para a criança;
Permitir a inserção em outras actividades grupais extra-curriculares;
Ser paciente e quando o seu filho falar, não termine as suas frases, de modo a evitar uma excessiva dependência;
Transmitir sempre tranquilidade e segurança, mas não a superproteger;
Ter uma boa articulação com a escola;
Aos Educadores/Professores sugere-se:
Deixar a criança comunicar por gestos e expressar os seus sentimentos e pensamentos através de uma folha de papel ou de cartões apenas num primeiro momento, o de estabelecer a relação, pois a partir de então começar a estimular as pequenas verbalizações (p.e sim/não) e assim sucessivamente, certificando-se sempre que a criança se sente confortável para passar ao passo seguinte;
Permitir o jogo lúdico, contar histórias e criá-las através de fantoches, falar com ela sobre coisas que ela goste, até conseguir gerar um clima agradável e descontraído;
Dar espaço para a criança decidir se quer ou não falar, utilizando expressões encorajadoras ("tens tempo, podes falar hoje ou amanha, quando tu quiseres");
Não a ignorar e dar-lhe a mesma atenção que dá às outras crianças;
Incentivar actividades não verbais; proporcionar oportunidades para falar mas não a forçar (p.e quebra-cabeças, puzzles, jogos de tabuleiro);
Encorajar sempre a criança a intervir, não passando a sua vez, dando-lhe sempre a oportunidade de apresentar uma resposta/resultado final;
Não deixar que outra criança desempenhe as tarefas ou responda a questões na vez da criança com dificuldade em falar;
Incentivar a interacção social, permitindo a integração destas crianças no grande grupo (turma), iniciando estas interacções em pequenos grupos, de preferência com algum dos amigos com quem a criança mais se relacione, alargando progressivamente o nº dos elementos do grupo, até se chegar ao grande grupo, de forma a evitar o seu isolamento social;
Evitar que sejam criados rótulos depreciativos, evitando e corrigindo certas verbalizações por parte das outras crianças ("Essa é a que não fala";"Ela só se dá com o João, mais ninguém";"Nós já não a convidamos para brincar, ela não fala");
Demonstrar a sua compreensão sempre que se aperceba que uma criança está a sofrer porque não consegue resolver a tarefa proposta, utilizando expressões encorajadoras ("Não te preocupes, aos pouco e poucos, tu irás conseguir");
Contar histórias a toda a turma onde a temática seja o medo de falar e onde a personagem principal o conseguiu superar, de modo que todas as crianças compreendam este problema e percebam o que podem fazer para ajudar;
Reforçar positivamente e de forma individualizada, todas as intervenções faladas ou não, sendo esse reforço significativo para a criança (p.e elogios escritos, verbais);
Atribuir responsabilidades à criança (p.e marcar as presenças, distribuir fichas de trabalho, recolher os trabalhos elaborados);
Ser empático e paciente.


Teste seu comportamento na escola



Teste seu comportamento na escola

Esse teste da Revista Recreio é muito legal para sondarmos como a criança se vê em sala de aula.
Faça o teste e descubra se, na sala de aula, você faz muita bagunça.
1. Quando o professor chega você está:
a. Fora da sala.
b. Conversando na classe
c. Sentado na sua mesa
2. Na sexta-feira você:
a. Fica dividido entre a escola e o sábado
b. Não se concentra
c. Estuda a todo vapor
3. Como reage em dia de prova surpresa?
a. Não gosta, é claro
b. Fica na sua
c. Não para de reclamar
4. Você é conhecido por ser:
a. Bagunceiro
b. Divertido
c. Quieto
5. Você já tirou notas altas este ano?
a. Todas foram altas
b. Algumas
c. Sim!
6. O professor fala algo engraçado. E agora?
a. Você ri um pouco
b. Passa a aula rindo
c. Você nem liga
7. Seu amigo tem um caderno novo. Você:
a. Comenta no mesmo instante
b. Espera uma pausa do professor para elogiar
c. Só comenta na saída
8. Como você age em excursões?
a. Como se estivesse na sala de aula
b. Curte a bagunça dentro do ônibus e na hora do lanche
c. Faz brincadeiras o tempo todo
9. Você já tomou bronca dos professores?
a. Algumas vezes – e foi muito chato!
b. Perdeu a conta das vezes que foi para a diretoria
c. Nunca – pelo menos, você não se lembra!
10. Seu material escolar:
a. Está sempre pronto e dentro da mochila
b. É organizado, mas já aconteceu de você esquecer algo em casa
c. É bem desorganizado
11. Na classe, você vê que um colega sujou a camiseta. O que faz?
a. Espera o intervalo para dar um toque
b. Uma piada que cria a maior bagunça
c. Avisa o mais discretamente que conseguir

Se marcou mais a:
Você adora uma bagunça! Afinal quem não curte? O problema é que você não sabe a hora de parar. Assim, além de deixar os professores de cabelos em pé, você pode até se prejudicar nas provas. Guarde sua energia para o intervalo!
Se marcou mais b:
Tomar broncas de vez em quando é normal. E você também toma! Mas o legal é que você sabe quando dá para bagunçar e quando é hora de estudar. Assim, não fica de fora das brincadeiras, nem enlouquece seu professor.
Se marcou mais c:
Você deve ser sossegado. O sonho de qualquer professor! Só que às vezes, você se esquece de curtir os intervalos com a turma. Divirta-se e fique esperto: nunca falar em classe também chateia os professores, que não sabem se você está com dúvidas.
Fonte: Revista Recreio agosto/2012.

CRIANÇAS DIFÍCEIS: O QUE FAZER?



CRIANÇAS DIFÍCEIS: O QUE FAZER?

Muito se fala hoje em falta ou ausência de limites e crianças difíceis. Nas escolas, essas questões são bastante pontuadas com ênfase, pois esbarram na indisciplina.Nós educadores buscamos justificar os porquês de alguns comportamentos que julgamos pelo nosso senso comum como estranhos. O resultado é previsto: nem sempre temos respostas. A indisciplina se mistura com a falta de limites. A falta de limites se funde com desrespeito; desobediência; não aprendizado... caos. Nesse contexto, a psicologia abraçou a questão da indisciplina, buscando sanar alguns problemas e manifestações com tratamentos terapêuticos.Alguns comportamentos em graus mais elevados, se constituíram transtornos, sendo necessária a indicação de tratamento psicoterapêutico e medicamentoso.A neurologia também busca entender a indisciplina, a falta de limites e o não aprendizado. Sob sua ótica, o aprendizado tem muito mais a ver com o prazer do que com a disciplina: assim se aprende o que é interessante e agradável e não se deixa de aprender por falta limites ou pela indisciplina por si. Educadora em casa com meus dois filhos adolescentes, eu também não
escapo dos limites.Sinto que a imposição dos limites apesar de árdua é absolutamente  necessária para o bem estar dos meus filhos e do mundo com o qual eles vão se relacionar.O adolescente por si quer satisfazer suas necessidades de imediato, resiste às regras como forma de contestar o mundo, buscando mecanismos para burlá-las. Todo esse “pacote” exige de nós pais- educadores uma dose fenomenal de paciência, perseverança, atenção, persistência, pois a mesma mensagem poderá ter de ser repetida inúmera vezes, para que o adolescente a coloque em prática. A firmeza, a coerência, o amor, a consistência nas nossas ações que precisam ser pontuais dão sustentação ao encaminhamento de limites A firmeza, a coerência, o amor, a consistência nas nossas ações que precisam ser pontuais dão sustentação ao encaminhamento de limites. Na educação formal, a aproximação dos conteúdos com as experiências individuais dos alunos trazem resultados mais prazerosos. Crianças difíceis de lidar sempre tive e não as vejo como problema, massim, como um grande e belo desafio.O importante na relação com a criança ou adolescente é respeitá-la e se fazer respeitar. Ouvir e ensiná-la a ouvir os outros. Partilhar experiências, trocar conhecimentos, dar parâmetros para que se sintam seguros. Permitir sem ser permissivo. É fundamental que os pais ou responsáveis pela criança comecem a discipliná-la em casa, ficando a escola responsável por acrescentar outros valores, pois sabemos que nenhuma pessoa é educada de uma hora para outra. Assim, a formação educacional é um processo contínuo e alguns requisitos como a paciência, a troca, o carinho, a atenção são fundamentais. Durante todo esse meu caminhar educando, passei a me ater e a respeitar esses requisitos fundamentais. A grande surpresa foi para mim mesma, pois cresci e me descobri uma pessoa sensível, preocupada com o outro e com a qualidade das relações estabelecidas nessa trajetória. Como conseqüência, me transformei e mudei minha prática educativa em casa, no convívio familiar; na sociedade e no meu fazer educativo.Birras infantis, choramingos, gritos, atritos, confrontos, passaram a ser vistos por mim de outra forma. Eu sempre me questionava: Por que tal criança está fazendo aquela atitude? Com que intenção? Já sabia então que criança não é aquela criatura sublimada e boa descrita nas histórias.  Agora eu as via de modo real e não mais ideal.Tendo esse entendimento, minha postura frente a ela era outra: de indivíduo para indivíduo e todo com os mesmos direitos e os mesmos deveres, guardadas as proporções de idade e maturidade, é claro...Se a criança desobedecia, era preciso entender aquele contexto e não aquela reação pontual, fragmentada. E como faria isso daqui para frente? Com toda franqueza foi um trabalho árduo, que levou anos e muito envolvimento com as crianças e famílias. Só as deixando falar, dando vez e voz eu poderia entender e atuar em parceria com as famílias, buscando formas mais acertivas de “resgatar” aquelas crianças. Hoje entendo que a indisciplina é o termômetro de uma relação É evidenciada quando há uma quebra de contratos, e quando esse se rompe acaba a credibilidade e a legitimação no outro, o prazer nos desafios e nas novas buscas. Lembro que não há regras, nem fórmulas para tratar um conflito. O Importante é não temer, tomar uma posição concreta, ser verdadeiro, ouvir, respeitar o outro, se posicionar e evitar que o conflito se transforme em confronto: Esse sim é difícil de se transpor e nada acrescenta a ninguém.

AUTORA: MÔNICA A. P. C. LUZ