CRIANÇAS DIFÍCEIS: O QUE FAZER?
Muito se fala hoje em falta ou
ausência de limites e crianças difíceis. Nas escolas, essas questões são
bastante pontuadas com ênfase, pois esbarram na indisciplina.Nós educadores
buscamos justificar os porquês de alguns comportamentos que julgamos pelo nosso
senso comum como estranhos. O resultado é previsto: nem sempre temos respostas.
A indisciplina se mistura com a falta de limites. A falta de limites se funde com
desrespeito; desobediência; não aprendizado... caos. Nesse contexto, a
psicologia abraçou a questão da indisciplina, buscando sanar alguns problemas e
manifestações com tratamentos terapêuticos.Alguns comportamentos em graus mais
elevados, se constituíram transtornos, sendo necessária a indicação de
tratamento psicoterapêutico e medicamentoso.A neurologia também busca entender
a indisciplina, a falta de limites e o não aprendizado. Sob sua ótica, o
aprendizado tem muito mais a ver com o prazer do que com a disciplina: assim se
aprende o que é interessante e agradável e não se deixa de aprender por falta
limites ou pela indisciplina por si. Educadora em casa com meus dois filhos
adolescentes, eu também não
escapo dos limites.Sinto que a
imposição dos limites apesar de árdua é absolutamente necessária para o
bem estar dos meus filhos e do mundo com o qual eles vão se relacionar.O
adolescente por si quer satisfazer suas necessidades de imediato, resiste às
regras como forma de contestar o mundo, buscando mecanismos para burlá-las.
Todo esse “pacote” exige de nós pais- educadores uma dose fenomenal de
paciência, perseverança, atenção, persistência, pois a mesma mensagem poderá
ter de ser repetida inúmera vezes, para que o adolescente a coloque em prática.
A firmeza, a coerência, o amor, a consistência nas nossas ações que precisam
ser pontuais dão sustentação ao encaminhamento de limites A firmeza, a
coerência, o amor, a consistência nas nossas ações que precisam ser pontuais
dão sustentação ao encaminhamento de limites. Na educação formal, a
aproximação dos conteúdos com as experiências individuais dos alunos trazem
resultados mais prazerosos. Crianças difíceis de lidar sempre tive e não as
vejo como problema, massim, como um grande e belo desafio.O importante na
relação com a criança ou adolescente é respeitá-la e se fazer respeitar.
Ouvir e ensiná-la a ouvir os outros. Partilhar experiências, trocar
conhecimentos, dar parâmetros para que se sintam seguros. Permitir sem ser
permissivo. É fundamental que os pais ou responsáveis pela criança comecem a
discipliná-la em casa, ficando a escola responsável por acrescentar outros
valores, pois sabemos que nenhuma pessoa é educada de uma hora para outra.
Assim, a formação educacional é um processo contínuo e alguns requisitos como a
paciência, a troca, o carinho, a atenção são fundamentais. Durante todo esse
meu caminhar educando, passei a me ater e a respeitar esses requisitos
fundamentais. A grande surpresa foi para mim mesma, pois cresci e me descobri
uma pessoa sensível, preocupada com o outro e com a qualidade das relações
estabelecidas nessa trajetória. Como conseqüência, me transformei e mudei minha
prática educativa em casa, no convívio familiar; na sociedade e no meu fazer
educativo.Birras infantis, choramingos, gritos, atritos, confrontos, passaram a
ser vistos por mim de outra forma. Eu sempre me questionava: Por que tal
criança está fazendo aquela atitude? Com que intenção? Já sabia então que
criança não é aquela criatura sublimada e boa descrita nas histórias. Agora
eu as via de modo real e não mais ideal.Tendo esse entendimento, minha postura
frente a ela era outra: de indivíduo para indivíduo e todo com os mesmos
direitos e os mesmos deveres, guardadas as proporções de idade e maturidade, é
claro...Se a criança desobedecia, era preciso entender aquele contexto e não
aquela reação pontual, fragmentada. E como faria isso daqui para frente?
Com toda franqueza foi um trabalho árduo, que levou anos e muito envolvimento
com as crianças e famílias. Só as deixando falar, dando vez e voz eu poderia
entender e atuar em parceria com as famílias, buscando formas mais acertivas de
“resgatar” aquelas crianças. Hoje entendo que a indisciplina é o termômetro de
uma relação É evidenciada quando há uma quebra de contratos, e quando esse se
rompe acaba a credibilidade e a legitimação no outro, o prazer nos desafios e
nas novas buscas. Lembro que não há regras, nem fórmulas para tratar um
conflito. O Importante é não temer, tomar uma posição concreta, ser verdadeiro,
ouvir, respeitar o outro, se posicionar e evitar que o conflito se transforme
em confronto: Esse sim é difícil de se transpor e nada acrescenta a ninguém.
AUTORA: MÔNICA A. P. C. LUZ
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