domingo, 17 de janeiro de 2010

TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO E SUPERDOTAÇÃO

Introdução

Segundo a Política Nacional de Educação Especial de 1994, são considerados portadores de altas habilidades / superdotados aqueles que apresentarem notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica específica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial para artes e capacidade psicomotora. (Brasil, 1995).
Cada um dos aspectos citados contempla diferentes competências e pode estar combinado com outro(s) de forma muito peculiar, designando uma condição ímpar e desempenhos distintos, a saber:
- Habilidade intelectual geral: Inclui características relacionadas à curiosidade intelectual, excepcional capacidade de observação, habilidade de abstração altamente desenvolvida e atitude de questionamento;
- Talento acadêmico: contempla o desenvolvimento excepcional na escola, habilidade para as tarefas acadêmicas e resultados expressivos em testes de conhecimentos gerais;
- Habilidade de pensamento criativo: refere-se à originalidade e ao pensamento divergente, à habilidade para elaborar e desenvolver idéias originais, além da capacidade de percepção de diversos aspectos de um determinado assunto;
- Liderança: engloba habilidade em desenvolver uma interação produtiva com os demais, fazendo uso do poder de direcionamento de ações, de persuasão e de autocontrole;
- Artes visuais e cênicas: Inclui habilidades superiores para pintura, desenho, escultura, dança, canto, teatro, entre outros e para tocar instrumentos musicais;
- Habilidade psicomotora: envolve a facilidade para atividades atléticas, habilidades motoras refinadas e habilidades mecânicas. (Alencar, 1996).
Partindo destas considerações, é importante salientar que os alunos com altas habilidades/superdotação apresentam traços comuns no que concerne a alguns aspectos de seu desenvolvimento global, bem como quanto a diversas manifestações comportamentais, os quais devem ser observados pela equipe escolar, evitando o subdesempenho ou mesmo a frustração por parte do aluno, o qual pode vir a perceber sua notável habilidade como algo que não deva ser manifesto ou que não possa ser validado no ambiente acadêmico.
Identificar um aluno superdotado não significa encontrar um modelo de inteligência ou de personalidade, pois, os superdotados não apresentam um perfil homogêneo, porém, algumas características são comumente encontradas, por exemplo, nos primeiros cinco anos de vida, tais como:
· Desenvolvimento físico precoce, referindo-se a habilidades motoras amplas como: sentar, engatinhar e caminhar antes da idade esperada;
· Aquisição precoce da linguagem, rapidamente progredindo para sentenças complexas, com riqueza de vocabulário e amplitude de idéias;
· Persistência na busca por informações, nível avançado quanto à elaboração de perguntas e grande curiosidade intelectual;
· Maior tempo de manutenção da atenção concentrada e vigilância, quando motivados e interessados em determinado evento;
· Aprendizagem rápida e com instrução mínima, raramente necessitando de repetições;
· Interesses expressivos em áreas específicas, podendo levá-los a tornarem-se especialistas nestes domínios;
· Reações muito intensas frente a ruídos, dor, frustração, entre outros (super-reatividade);
· Alto nível de energia, que pode ser confundido com hipercinesia ou hiperatividade (Winner, 1998).
No que se refere às habilidades relacionadas ao ambiente acadêmico e aos fatores sócio-emocionais, a autora ainda destaca:
· Leitura precoce com instrução mínima;
· Grande envolvimento com números e relações numéricas;
· Memória aguçada para informações verbais e/ou matemáticas;
· Facilidade quanto ao raciocínio lógico e abstrato;
· Preferência por amigos mais velhos, compatíveis quanto aos interesses;
· Interesse por problemas filosóficos, morais, políticos e humanitários;
· Geralmente apresentam disparidade quanto ao desenvolvimento das áreas intelectual, lingüística, perceptual e psicomotora.
Tendo em vista a abrangência das características citadas, bem como as implicações educacionais e comportamentais de cada uma delas, percebe-se que há uma gama de reflexões que podem ser sugeridas a partir destes dados, a fim de estabelecer algumas ações e fomentar discussões que promovam a devida elaboração de alternativas de atendimento, tendo em vista o progresso acadêmico e social dos alunos, a melhoria da qualidade do ensino e o suporte sócio-emocional para as famílias. A grande variedade de características que podem ser apresentadas pelos superdotados reforça a necessidade de que sejam utilizados os mais diversos recursos para sua identificação, sem correr o risco de ignorar um aluno que não se enquadre num dado modelo pré-concebido ou numa noção inverídica sobre a superdotação (Sabatella, 1995).
Altas habilidades
Características avaliadas para a classificação de superdotado segundo a Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner*, utilizada pelo Governo Federal:
§ Verbal/Lingüística – Capacidade acima da média de empregar palavras efetivamente oralmente (apresentador de TV, orador, político, contador de estórias) ou por escrito (poeta, dramaturgo, jornalista). Um aluno gosta de ler, escrever, contar estórias, brincar com jogos de palavras.
§ Lógico/Matemática – Habilidade alta de usar raciocínio indutivo e dedutivo, de resolver problemas abstratos, e de entender as relações entre conceitos, idéias, e coisas interrelacionadas. Aplicadas em várias áreas como ciência, estudos sociais.
§ Visual/Espacial – Capacidade acima da média de formar um modelo mental de um mundo espacial e ser capaz de manobrar e operar utilizando este modelo. Os alunos com inteligência espacial têm a habilidade de perceber com perspicácia: cor, formas, espaço, e as relações que existem entre eles.
§ Corporal/Cinestésica – Alta capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos utilizando o corpo inteiro ou partes. Muito utilizada nos esportes e na dança e em ações de coordenação como a de um cirurgião.
§ Rítmica/Musical – Alto grau de sensibilidade a sons e a habilidade de responder emocionalmente.
§ Interpessoal – Habilidade acima da média de rapidamente compreender as outras pesosas. Sensibilidade a expressões faciais, voz e gestos. Por exemplo, em um nível simples, essa inteligência é vista em crianças que notam e são sensíveis ao humor dos adultos ao seu redor.
§ Intrapessoal - Capacidade alta de compreender a si mesmo; ter uma imagem precisa de si mesmo, com capacidade para auto-disciplina, auto-entendimento, e auto-estima.
§ Naturalista – Habilidade grande de ver padrões complexos no ambiente natural. Observada em alunos que gostam de fazer projetos sobre a natureza.
* - A Teoria das Inteligênicas Múltiplas foi estabecida pelo filósofo norte-americano Howard Gardner em 1983, no livro Frames of Mind: Theory of multiple intelligences. Segundo Gardner, a pessoa pode ser talentosa em uma dessas inteligências e não apresentar desempenho tão bom em outra.
Estratégias pedagógicas para atender as necessidades especiais do aluno com superdotação/altas habilidades.
A criação de turmas que entendam e respeitem as diferenças e todas as suas expressões (ritmo, aprendizagem, aptidões, habilidades) é um desafio constante e demanda tempo e paciência do educador, uma vez que é algo particularmente pessoal. Professores, orientadores educacionais e psicólogos escolares devem primeiramente acreditar que essas diferenças existem e que devem ser respeitadas, para posteriormente transpor esse respeito a seus educandos.
Uma das grandes dificuldades encontradas por alguns educadores é o fato de haver expectativas quanto à forma de promover a aprendizagem, entendendo o currículo como algo de difícil flexibilidade e, ainda, à visão equivocada de que os ritmos devem ser próximos à uniformidade e que algumas respostas devem ser as mesmas.
Ao se confrontar com um aluno com altas habilidades/superdotação, o professor descobre que o ritmo pode ser diferenciado, que o currículo pode ser enriquecido e ampliado e que as respostas não serão as esperadas regularmente.
Algumas ações pedagógicas flexibilizam as relações entre professores e alunos e permitem uma proximidade entre o conhecimento e o produto esperado deste conhecimento.
Algumas características dos professores favorecem a interação professor X aluno no contexto das altas habilidades / superdotação:
Criatividade ao utilizar estratégias e materiais;
Habilidade para organizar a sala de aula, currículo e metodologias de ensino;
Energia, prazer e entusiasmo pelo processo de aprendizagem e de desenvolvimento de seus alunos;
Conhecimento de diferentes estratégias de ensino e das características de aprendizagem de todos os alunos;
Flexibilidade para modificar estruturas, contextos e rotinas;
Disposição para estudos complementares e formação continuada;
Sensibilidade para identificar e para atender pontos fortes e conflitantes de suas aprendizagens.
As atividades pedagógicas desenvolvidas em salas de aulas regulares, com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), favorecem a cada instituição a possibilidade de atualizar ou reelaborar as propostas pedagógicas vigentes, de acordo com as novas realidades que se apresentam. Então, ao reconhecer questões relativas às altas habilidades/superdotação, os educadores têm a possibilidade de rever suas práticas pedagógicas, de forma a atender às necessidades e diferentes perspectivas nos contextos de aprendizagens.
As questões que vêm favorecendo a aprendizagem e os ajustamentos escolares na área das altas habilidades/superdotação prevêem ações estimuladoras que:
ü Respeitem ritmos diferenciados;
ü Utilizem técnicas de trabalhos que favoreçam a reflexão, a discussão e a participação coletiva;
ü Permitam responder às dúvidas sempre que possível;
ü Permitam orientar os alunos quanto à distribuição e à organização de seu tempo;
ü Estimulem atividades sociais;
ü Procurem encontrar tópicos de interesses como ponto de partida;
ü Evitem comparar desempenhos;
ü Contribuam em vários contextos e situações de aprendizagens, que estimulem idas a bibliotecas, museus, workshops, eventos socioculturais;
ü Aceitem as diversidades e suas diferentes expressões.
Os desafios no atendimento educacional do aluno com superdotação/ altas habilidades é instigante e requer um trabalho pedagógico voltado para a perspectiva de uma aprendizagem ativa e dinâmica. Muitas contribuições serão construídas coletivamente e a turma terá grandes oportunidades de conhecer uma ou várias expressões de talentos, de conviver com ritmos diferenciados e aprendizagens que respeitarão estilos particulares.
Em sua proposta pedagógica, o professor poderá modificar a complexidade de exercí­cios, ampliar tarefas e propor planos de ação personalizados, conforme as necessidades dos seus alunos, poderá utilizar a monitoria, atividades suplementares e trabalhos coletivos.
Segundo as normatizações estabelecidas pelo Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial, além do atendimento pedagógico oferecido a alunos de altas habilidades/superdotação em classes comuns esses, poderão receber serviços de apoio pedagógico especializado em espaços escolares diferenciados e envolvendo professores especializados com diferentes funções em:
v Classes comuns;
v Salas de Recursos;
v Serviço com professor itinerante / Itinerância.
Algumas das possibilidades de atendimentos são desenvolvidas em Salas de Recursos, que dispõem de equipamentos, recursos pedagógicos e professores especializados para oferecer atividades suplementares, com vistas a aprofundar e/ou enriquecer o currículo em horário inverso ao das atividades de classes comuns.
A programação desenvolvida geralmente está de acordo com as características da superdotação e suas expressões (as atividades a serem desenvolvidas com um grupo de alunos com superdotação do tipo acadêmica serão distintas daquelas a serem desenvolvidas com um grupo de alunos do tipo talento musical).
Os objetivos das propostas de atendimento especializado em sala de recursos visam ampliar e diversificar os conhecimentos que despertam curiosidade e interesses nos alunos, promover a integração social e a filiação de seus pares, estimular o pensamento produtivo, desenvolver potencialidades e habilidades específicas, propiciar experiências de resolução de problemas, formulação de hipóteses e promover o ajustamento de diferentes áreas de desenvolvimento.
A aceleração é outra alternativa de atendimento que visa adiantar/ avançar o aluno com habilidades superiores a uma série acima de sua faixa etária, através da promoção antecipada ou da entrada precoce na escola, segundo regulamentação dos respectivos sistemas de ensino.Em termos de Legislação Nacional, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996, p. 35) prevê a “(...) aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para superdotados ”, a ser realizada mediante a avaliação de conhecimentos na própria escola e documentada em registros administrativos, o que possibilita a alguns alunos avançar conforme seu ritmo próprio.
O serviço de itinerância é uma possibilidade de atendimento que prevê a orientação e supervisão pedagógica a educadores e educandos, realizadas em visitas freqüentes às escolas, com o objetivo de sensibilizar a equipe pedagógica para novas indicações, acompanhar a aprendizagem e adaptação escolar dos alunos atendidos e refletir com respectivos professores de classe comum as questões relativas às altas habilidades/superdotação.
Segundo o relatório das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (2001, p. 49), para o atendimento educacional aos superdotados é necessário, entre outras ações, o registro do procedimento adotado em ata da escola e no dossiê do aluno, bem como a inclusão dos dados no histórico escolar com as especificações cabíveis. Também é importante incluir o atendimento educacional ao aluno de altas habilidades/superdotação nos projetos pedagógicos e regimentos escolares, de forma a documentar os serviços oferecidos.
O atendimento às necessidades educacionais dos alunos de altas habilidades/superdotação implica, primeiramente, o conhecimento de alguns conceitos, características e encaminhamentos pedagógicos possíveis a esse aluno. Em muitos contextos, a formação do professor não especifica as necessidades educacionais que encontrará em suas atividades pedagógicas, dificultando o entendimento de diferentes expressões. A formação complementar, continuada, poderá trazer conhecimentos, estratégias e alternativas pedagógicas que facilitem o entendimento de todo o intricado processo de aprendizagem.
O atendimento às singularidades das expressões contidas nas pessoas que apresentam as altas habilidades/superdotação é um direito a ser respeitado e efetivado por educadores e especialistas. Reconhecer a necessidade, as vantagens e os ganhos de inúmeros talentos produtivamente ativos em nossa sociedade é o primeiro passo a ser dado para que programas de atendimento às necessidades educacionais de pessoas com potenciais superiores venham a contribuir para o encaminhamento e atendimento de alunos que possam se beneficiar com o estímulo de suas altas habilidades.
Com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em 1996 – Lei nº 9.393 de 20 de dezembro de 1996 – e Plano Nacional de Educação em 2001, este atendimento foi reconhecido legalmente. Este reconhecimento está no Art. 24º que estabelece: “A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: (...) V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: (...) c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado.” E no Art. 59 alerta que “Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: (...) II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados”.
Outros fundamentos legais estão nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, instituída pela Resolução nº 02 de 11 de setembro de 2001. Esta Resolução define, no Art. 3º, a Educação Especial como a modalidade de educação escolar “(...) assegura recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos”; no Art. 5º, que considera “educandos com necessidades educacionais especiais os que, durante o processo educacional, apresentarem: (...) inciso III – altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes”, e, ainda, no Artigo 8º, que enfatiza que: “As escolas da rede regular de ensino devem prever e prover na organização de suas classes comuns: (...) serviços de apoio pedagógico especializado em salas de recursos, nas quais o professor especializado em educação especial realize a complementação ou suplementação curricular, utilizando procedimentos, equipamentos e materiais específicos”.
A proposta de atendimento educacional para os alunos com altas habilidades/superdotação tem fundamento nos princípios filosóficos e ideológicos que embasam a educação inclusiva: valorizando a diversidade como elemento enriquecedor do desenvolvimento pessoal e social, promovendo o desenvolvimento de currículos amplos, flexíveis e abertos que possibilitem a aprendizagem e participação de todos; respeitando as diferentes formas de aprender e atendendo as necessidades educacionais de todos os alunos; garantindo a acessibilidade física e as comunicações; desenvolvendo um trabalho cooperativo entre os diversos segmentos que compõem a comunidade escolar.

ESTUDO DE CASO


INTERESSE ESPECÍFICO Antes disperso, hoje Guilherme usa seu dote nas artes para ilustrar explicações coletivas.

Mesmo nos casos em que não há a certeza de que o estudante tem altas habilidades, o estímulo do professor é bem-vindo. Foi o que pensou Sandra Nogueira quando percebeu o talento de Guilherme Oliveira de Souza, seu aluno da 7ª série da EE Odylo de Brito Ramos, em Teresina. Ela passava pelas fileiras quando notou um desenho muito bom no caderno. "Vi que ele tinha feito um em cada página. Era o conteúdo das aulas na frente e um desenho no verso."
Ela conversou com o garoto, tido como desinteressado pela maioria dos professores, e percebeu sua paixão por imagens. Nas semanas seguintes, apresentou materiais especiais, como pastel a óleo, bico de pena, nanquim e papel apropriado para desenho. "Ele aprendeu vários estilos", conta. Em História da Arte, Guilherme também se destaca. Quando Sandra pede um exemplo de pintura da fase que está sendo estudada, todos colam figuras recortadas - Guilherme reproduz. Em Ciências, ele ajudou a todos ao desenhar em uma parede uma grande flor decomposta, com todas as suas partes (veja foto acima).
Recentemente, quando o Núcleo de Atividades de Altas Habilidades do Piauí esteve na escola e pediu aos educadores que ficassem atentos à possibilidade de alguns alunos terem altas habilidades, a professora indicou o garoto (que havia chegado até a 7ª série sem ser descoberto). "Agora, os colegas comentam que ele tem estado mais presente também nas outras disciplinas", afirma ela.
Denise Fleith, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (Unb), tem pós-doutorado em altas habilidades no Reino Unido e é formadora de novos especialistas no Brasil. Ela também defende a criação de salas de recurso e acredita que o professor da classe regular pode contribuir com o enriquecimento do currículo. "Ele pode e deve apresentar ao aluno caminhos para o desenvolvimento de seu potencial, desde materiais para pesquisa até contatos de estudiosos dos assuntos."
O superdotado pode ter qualquer perfil, do mais bagunceiro ao braço direito da professora, passando pelo tímido. O que o torna diferente é a habilidade acima da média em uma área específica do conhecimento. Isso pode ter razões genéticas ou ter sido moldado pelo ambiente em que o aluno vive. Raramente, os superdotados têm múltiplas habilidades. Portanto, uma boa pista para encontrá-los é reparar no desempenho e no interesse muito maiores por um determinado assunto.
O professor deve desconfiar de estudantes com vocabulário avançado, perfeccionistas, contestadores, sensíveis a temas mais abordados por adultos e que não gostem de rotina. O Ministério da Educação montou um formulário com 24 frases que ajudam a identificar estudantes assim (confira a lista no quadro "Como identificar a superdotação"). Se você reconhece um de seus alunos como possível superdotado, procure o Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação na Secretaria de Educação de seu estado.
Exemplo de Formulário para identificação da superdotação/altas habilidades nos alunos:
01 Aprende fácil e rapidamente
02 Original, imaginativo, criativo, não-convencional.
03 Amplamente informado; informado em áreas não comuns.
04 Pensa de forma incomum para resolver problemas
05 Persistente independente, auto-direcionado (faz coisa sem que seja mandado)
06 Persuasivo, capaz de influenciar os outros.
07 Mostra senso comum; pode não tolerar tolices.
08 Inquisitivo, cético, curioso sobre o como e porque das coisas.
09 Adapta-se a uma variedade de situações e novos ambiente
10 Esperto ao fazer coisas com material comum
11 Habilidades nas artes (música, dança, desenho, etc.).
12 Entende a importância da natureza (tempo, lua, sol, estrelas, solo, etc.).
13 Vocabulário excepcional, verbalmente fluente.
14 Aprende facilmente novas línguas
15 Trabalha independente, mostra iniciativa.
16 Bom julgamento lógico
17 Flexível, aberto
18 Versátil, muitos interesses, interesses além da idade cronológica.
19 Mostra insight e percepções incomuns
20 Demonstra alto nível de sensibilidade, empatia com relação aos outros.
21 Apresenta excelente senso de humor
23 Expressa idéias e reações, frequentemente de forma argumentativa.
24 Sensível a verdade e à honra
Fonte: Galbraith e Delisle (1996 p.14)

Observação: Reserve alguns minutos para listar os nomes dos alunos que venham primeiramente à sua mente quando você lê as descrições abaixo. Não é necessário preencher todas as linhas. É provável que você encontre mais do que um aluno em cada descrição.
Os gestores têm a obrigação de indicar uma psicopedagoga para avaliar se a criança ou o jovem têm mesmo uma alta habilidade - e encaminhá-lo ao programa oficial de estímulo (quando existentes), com atividades extraclasse e orientações para o professor e a família. Instituições não governamentais também apoiam professores e familiares que procuram ajuda para desenvolver talentos. Alguns exemplos são o Instituto Rogério Sternberg, no Rio de Janeiro, e o Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Especiais da Universidade Federal do Paraná.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Carta (1997). Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Brasília: Senado Federal.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental (1997). Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF.
BRASIL, Ministério da Educação (2002). Adaptações curriculares em ação: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais de alunos com altas habilidades / superdotação. Brasília: MEC/SEESP.
CARVALHO, Rosita Edler (2000). Removendo barreiras para a aprendizagem - Educação inclusiva. Porto Alegre: Mediação.
BRASIL, Ministério da Educação (2001). Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica. Secretaria de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP.
FREEMAN, J. & GUENTHER, Z. C. (2000). Educando os mais capazes: idéias e ações comprovadas. São Paulo: EPU.
NOVAIS, Maria Helena (1979). Desenvolvimento Psicológico do Superdotado. São Paulo: Atlas.
WINNER, Hellen (1998). Crianças Superdotadas. Mitos e realidades. Porto Alegre: Artmed.
http://revistaescola.abril.com.br/inclusao/educacao-especial/altas-habilidades-489225.shtml

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